Com o lançamento de Life, Robert Pattinson, que interpreta Dennis Stock no filme de Anton Corbijn, concedeu várias entrevistas. À seguir você pode conferir mais duas transcritas pela nossa equipe:
Szene Hamburg:
Uma conversa com Robert Pattinson
Durante o Berlinale nós encontramos o ator, que falou sobre seu novo filme LIFE, pais maus, e fotografia como arte e queimadura nos dedos.
Szene Hamburg: Como foi interpretar um fotógrafo sobre a direção de um fotógrafo legendário como Anton Corbijn?
Robert: (risos) felizmente eu não via Dennis Stock como um fotógrafo no inicio. Para mim ele era alguém que queria ser um artista mas não tinha certeza se tinha o que precisava para ser de fato um artista. Eu tinha o sentimento de que a câmera era um meio dele expressar o que ele sentia.
Szene Hamburg: Como você trabalhou com a câmera? Você apenas posava com ela ou você realmente a usou?
Robert: A melhor parte foi que eu ganhei uma câmera alguns meses antes de nós começarmos a filmar. Foi disponibilizado para nós do museu da Leica e é a mesma câmera que o Dennis Stock usou. Não há mais muitas dessas câmeras originais, mas elas são ótimas e eu usei a minha extensivamente.
Szene Hamburg: O que você fotografou?
Robert: Eu comecei a fazer o filme de Werner Herzog chamado ‘Queen of the Desert’ logo depois e eu não conseguia parar de tirar fotos da locação. Eu tirei milhares de fotos dos sets e de Marrakesh. Eu não faço isso à serio ou por causa do filme, é mais porque é divertido. Eu descobri que eu podia perguntar a Anton como usar a Leica corretamente, depois, mas ele não pode realmente me ajudar com isso (risos)
Szene Hamburg: Mas ele não te ensinou alguns truques? Quero dizer, ele deve ser o melhor professor para isso.
Robert: Foi isso que eu pensei, que ele me ensinaria como segurar e mover a câmera, mas Anton me disse que eu deveria entender a câmera eu mesmo. Eventualmente eu o entendi porque ele é um fotógrafo diferente de Dennis Stock. Anton ama a fotografia, ele gosta dos movimentos nas sequências e observa as coisas de um modo oposto do que Dennis Stock, que agia mais como um pintor. Stock não estava realmente focado na sua contrapartida mas também nele mesmo e ele procurava por validação. Ele não aproveitava seu papel como fotógrafo porque ele queria ser mais extravagante.
Szene Hamburg: Essa foi a razão para você se interessar pelo papel?
Robert: Para ser honesto a primeira coisa que me deixou interessado foi o fato dele ser um mau pai. Não há muitos papeis de pais na minha idade para serem interpretados e nesse papel o pai não amava seu filho e não entendia o por quê. Tem uma cena linda onde James Dean está brincando com seu primo e Stock está os assistindo e quebrando a cabeça tentando entender como Dean pode ser tão natural e amável com uma criança. Isso quebrou meu coração. Outra coisa foi que, todo mundo pensa que alguém assim é um babaca e eu acho que eu pensei que era excitante apresentá-lo de uma forma mais agradável, apesar disso. Ao contrario de Dennis Stock, as fotos deles são cheias de sentimento. Você pode ver isso na verdade que, no seu próprio modo, ele realmente amou James Dean. Ele não podia falar para James isso, mas parecia que Stock colocou uma coroa em James com as fotos. Ao mesmo tempo a amargura e ciúme também brilhava sobre essas fotos e também se pode ver a influencia que James teve nele. Eu amo as fotos de Stock dessa era, os músicos de jazz dos quais as fotos mostram o quanto ele admirava eles. eu acho que a fotografia foi o modo dele mostrar que ele também amava os outros.
Szene Hamburg: Esse papel mudou a forma que você vê os fotógrafos que o seguem o tempo todo?
Robert: Não realmente. Mesmo se um fotógrafo quiser ser um paparazzi naquela época, não teria sido facil sem um monte de conhecimento e habilidades, especialmente tentando usar o flash (risos) com exceção de Dennis Stock que tinha uma aspiração diferente com relação. Eles estavam procurando por uma imagem e eles queriam apresentar às pessoas em uma luz diferente. Eles querem que eles vibrassem e descobrissem um novo lado deles e que os leitores também quisessem. Hoje em dia eles não precisam fazer esforço para que as fotos saiam e os paparazzi estão meio que tentando humilhar as pessoas. É como se eles não gostassem do que eles estão fazendo com eles mesmos então eles procuram por coisas ruins nos outros. Eu não entendo isso realmente e isso é irritante.
Szene Hamburg: É verdade que Anton Corbijn ficou em pé no tapete vermelho interpretando um fotógrafo no filme?
Robert: Sim, é ele e ele usou mais takes na sua cena do que em qualquer outra no filme (risos) ele dizia ‘Ah eu não fiz isso certo’ e nós filmamos até as 10 da manhã. Foi louco.
Szene Hamburg: James Dean continua importante para jovens da sua idade? Ele continua um modelo?
Robert: eu ainda lembro de quando eu tinha 16 e ele era um dos meus ídolos. Todo mundo conhece a foto na Times Square e ele era o ideal de modelo de eufemismo. Quando eu comecei a atuar eu era muito tímido e eu não queria exagerar. Eu queria que minha atuação fosse mais como a dele: calma e cheia de sentimentos que ele era capaz de internalizar.
Szene Hamburg: Houve uma cena “James Dean” para você no filme?
Robert: Sim, especialmente quando estar calmo era necessário (risos) nós filmamos uma cena na fazenda de Dean em Toronto e estava -40 graus e eu realmente não conseguia entender como alguém conseguia filmar lá fora naquele frio. A câmera congelou nos meus dedos e eu tive que ficar na frente de um aquecedor para tirá-la dos meus dedos. Nós estávamos realmente perto de conseguir ficarmos congelados e eu comecei a ficar irritado, mas depois eu superei isso e fiquei muito calmo.
Elle Italy:
Robert Pattinson estará de volta aos cinemas no dia 8 de outubro com seu filme Life, um filme de Anton Corbijn dedicado a James Dean, a lenda do cinema que morreu a exatamente 60 anos atrás num acidente de carro. O ator que se tornou famoso por seu papel como vampire em in Twilight, de qualquer forma, não pegou o papel do legendário Jimmy (que foi interpretado por Dane DeHaan ), como amplamente esperado, mas aqueles de Dennis Stock , quem em 1955 – no mesmo ano da morte da estrela – tirou a series de fotos para a Life Magazine imortalizando James Dean como ninguém havia feito antes. Anton Corbijn esta dedicando o filme as relações verdadeiras que aconteceram na vida dos dois. Para falar em mais detalhes sobre o filme, está o próprio Robert Pattinson, nessa entrevista exclusive que ele deu enquanto filmava Life.
Elle Italy: Dennis e James. Um fotógrafo à beira da falência e um artista na crista de uma onda. Conte-nos sobre a dinâmica dessa amizade.
Robert: A história desses dois tem uma dinâmica muito original. James Dean é um personagem tão empático e Dennis, não. Teve um momento que, para mim, resume essa diversidade. Há uma cena que James Dean está brincando com seu primo, e Dennis apenas diz, ‘Eu não sei como você consegue.‘ Basicamente ele está dizendo ‘Eu não entendo o que eles estão sentindo’. Dennis tem um filho, claro, mas ele não o ama e isso é horrível. Ele constantemente se permite à negatividade, tão cheia de ansiedade, até o ponto de se tornar realmente irritante. Você dificilmente consegue acreditar que esse tipo de pessoa existe, você não consegue acreditar no fato de que ele diz que ele não é capaz de amar. Ele é um tipo horrível de ser humano mas na sua tragédia ele também é um personagem fascinante. E como eu disse a dinâmica entre eles é realmente interessante.
Elle Italy: James Dean é um mito. Ele já influenciou sua carreira em algum ponto?
Robert: Eu admire seu trabalho há muito tempo. Eu acredito que maioria dos atores de 16 anos já tiveram o estágio ‘James Dean’ e para a maioria deles, a coisa mais importante não é apenas o papel que vão interpretar mas a parte da fantasia que sobrou do mito – e eu também experienciei uma dessas duas fases. Ele certamente continua um ícone mas Dane (DeHaan) seria capaz de responder essa pergunta melhor do que eu porque ele é mais ligado a James Dean, a sua figura, o mito.
Elle Italy: Você teve interesse em interpreter James Dean?
Robert: Oh não, absolutamente não (risos) Dane fez um ótimo trabalho.
Elle Italy: Como foi com Anton Corbijn?
Robert: Trabalhar com Anton Corbijn tem sido uma grande honra e eu primeiro filme Control (sobre a vida de Ian Curtis, líder do Joy Division), foi a razão de eu ter aceitado o papel. Eu amei aquele filme. Eu amo o estilo de Anton e eu sabia que LIFE seguiria o mesmo modelo.
Elle Italy: E com a câmera?
Robert: Eu dei o meu melhor, eu tirei algumas fotos no set de LIFE e do outro filme que eu estou filmando, The Queen of the Desert, no qual eu trabalho com Nicole Kidman. Então, por alguns meses eu tirei uma série de fotos maravilhosamente horripilantes com uma Leica M1 de 1953. Não foi a própria de Dennis, mas sim o mesmo modelo. Deve ter sido um modelo que veio algum tempo antes da de Stock. É lindo, e funciona perfeitamente. Eu acho que nunca vai quebrar.
Elle Italy: Quem foi Dennis Stock?
Robert: Dennis estava sempre preocupado de que tudo pudesse se sair mal. Ele se sentia assombrado pela possibilidade de que o publico não fosse segui-lo, de que eles não estariam do seu lado. Mas ao mesmo tempo, eu achei que ele era um moderno, personagem contemporâneo. A história é sobre alguém tentando se tonar um artista e o medo de não ser capaz de alcançar seu sonho é uma parte triste e desmoralizante de sua vida. Dennis é o tipo de artista que tem tanto medo de não ser bom o suficiente para sua profissão que ele da desculpas para tudo. Quando ele Jimmy pela primeira vez, é divertido, porque ele tem precisamente este efeito inegável. Ser próximo de alguém que que está a atingir o seu potencial é um processo muito agradável para testemunhar. Relacionado a James Dean e a tudo que aconteceu com ele permitiu Dennis a acreditar em si mesmo também.
Elle Italy: Você acredita que James Dean teve uma influencia positiva no fotógrafo?
Robert: Absolutamente sim. Algumas vezes você só precisa de um pouco de encorajamento e o fato de que Jimmy disse a ele ‘Essas estão ótimas’ enquanto ele mostrava para ele as fotos que tirou de James foi uma grande fonte de orgulho. Eu acho que em um tempo especifico Dean claramente limpou e pavimentou o caminho para Stock. ele considerava Jimmy um verdadeiro artista que tinha um impacto profundo em sua vida. E também, quando Jimmy deu a ele sua aprovação, bem, as vezes é isso que você precisa – isso é tudo que se precisa para começar a acreditar em si mesmo. E é isso que eu acho que acontece. Para Dennis, o encorajamento com Jimmy foi fundamental e ele mudou sua vida e certamente o seu trabalho.
Tradução: Gabi Araujo