O Robert Pattinson Brasil é um site sem fins lucrativos criado em 2008 de fãs para fãs, e que reúne diversos conteúdos sobre o ator e sua carreira. Todo conteúdo aqui disponibilizado foi desenvolvido pela nossa equipe, portanto, ao fazer uso de algum de nossos materiais, por favor, credite. Viu alguma coisa sua por aqui e quer seus créditos? Entre em contato com a gente! Desde já, obrigado pela sua visita, aproveite nosso conteúdo e volte sempre!



Tag: interview magazine

Como postado anteriormente aqui no site, Robert Pattinson entrevistou o ator Jordan Firstman recentemente para a Interview Magazine. A entrevista, foi mais um bate papo entre amigos, onde Rob inclusive fez muitas revelações sobre seus medos e como ele se sente sendo parte da indústria cinematográfica, vale a pena ler. Leia na íntegra a matéria postada no site da revista e traduzido com exclusividade pela Equipe do RPBR.

FIRSTMAN: Ei, e aí?
ROBERT PATTINSON: Como você está?

FIRSTMAN: Você ainda está em Londres?
PATTINSON: Sim. Estou tão confuso. Sinto que estou com jet lag, mas não estou. Você está em L.A?

FIRSTMAN: Estou de volta a L.A.
PATTINSON: Essa é a primeira vez que você está promovendo algo no sentido cinematográfico convencional?

FIRSTMAN: Sim. Já fiz imprensa tradicional antes, mas nunca tive que falar sobre o mesmo projeto para 50 meios de comunicação diferentes e ouvir as mesmas perguntas repetidamente. Ninguém te ensina como fazer isso.
PATTINSON: Eu estava pensando nisso esta manhã enquanto fazia minha pesquisa para essa entrevista, no qual era olhar seu Instagram enquanto eu estava no banheiro por cerca de cinco minutos. [Risos]

FIRSTMAN: Esse é o lugar perfeito para ver meu Instagram. Olhando para a merda enquanto você está cagando.
PATTINSON: [Risos] Mas eu percebi nas últimas semanas, que seu entusiasmo e capacidade de promover coisas são muito diferentes, e estou curioso para saber como você se sentiu vindo de trabalhos nas redes sociais, onde está mais inextricavelmente ligado a tentar ganhar viralidade e outras coisas, se o entusiasmo vem disso. Porque você vê tantos atores que ficam sentados lá e literalmente tentam ser o mais chatos possível em uma entrevista, e eu acho que todos os seus trabalhos são realmente divertidos. A quantidade de pessoas que conhecem esse filme pela forma como você o está promovendo é realmente interessante.

FIRSTMAN: É estranho. Eu mesmo fiz um curso intensivo de marketing por causa do Instagram, porque pude ver instantaneamente o que o público respondia e o que não respondia. Mas é estranho quando estou fazendo isso, porque até Mubi fica tipo: “O que você está fazendo? Pare de fazer tanto.” Mas eu penso: “Eu sei como comercializar isso um pouco melhor do que vocês”.
PATTINSON: [Risos] Por favor, pare!

FIRSTMAN: Eu acho que a maneira como estou falando sobre esse filme é pelo menos fazer meus seguidores quererem vê-lo, mas o outro lado da moeda é que eu sei que eles querem ver meu pau e meu corpo nu, e o filme é muito mais do que isso. Espero que eles possam realmente assistir e ver o que estou tentando dizer, porque eles são muito culpados pelos problemas que tenho na minha vida e que estão refletidos no filme, e espero que eles também possam assumir alguma culpa por isso.
PATTINSON: Como porcentagem de público, quantos deles você acha que vão ver especificamente só para ver seu pau?

FIRSTMAN: Rob, não estou dizendo isso para me glorificar, mas as minhas DMs, na maioria das vezes são “Me mostra seu pau”.
PATTINSON: Acho que é todo mundo, não?

FIRSTMAN: Sim, acho que talvez seja verdade.
PATTINSON: Isso realmente não é verdade. [Risos]

FIRSTMAN: Mas o Instagram é um lugar muito sexualizado, e tenho certeza que as atrizes, se olharem para seus DMs, estão cheias de merdas nojentas e pervertidas. Mas acho que porque eu me sexualizo, isso deixa a porta aberta para as pessoas dizerem o que quiserem para mim. Às vezes me sinto desconfortável com isso, mas também tenho que assumir alguma culpa porque deixei a porta aberta para isso.
PATTINSON: Em termos de você interpretar você mesmo, eu sempre achei interessante, porque acho que é impossível. Não acho que as pessoas possam ter percepção suficiente para realmente entender quem são, de qualquer forma. É quase como se eles precisassem ser ultra-esclarecidos para saber. Você acha que há um eu diferente que você está retratando em uma entrevista ou em sua vida, ou o personagem que você interpreta em Rotting in the Sun é uma espécie de eu que você construiu especificamente para o filme?

FIRSTMAN: Não, acho que é um personagem que vem se desenvolvendo durante toda a minha vida. Mas não é isso que é uma personalidade?
PATTINSON: Exatamente, isso estava prestes a sair da minha boca.

FIRSTMAN: Você tem essas experiências em sua vida que moldam quem você é, então você também tem que construir personalidades diferentes para interagir com diferentes tipos de pessoas. A maneira como falo com você é um pouco diferente da maneira como falo com meus amigos gays com quem eu saio.
PATTINSON: Uma coisa interessante em que estive pensando – pelo menos eu acho que é interessante – é que quando você está assistindo ao filme, há um cinismo que é empurrado para o primeiro plano, sobre as redes sociais e sobre as pessoas nas artes, mas isso tem esse estranho efeito inverso de sentir muito carinho depois. Você acaba gostando muito de todos. Essa foi minha primeira impressão.

FIRSTMAN: Acho que você está mais bem ajustado do que provavelmente parte do público. Eu acho que é uma coisa gay também. Os gays não saem do filme com um sentimento caloroso. Eles se sentem tristes e atacados.
PATTINSON: Sério?

FIRSTMAN: Sim.
PATTINSON: Essa era a outra pergunta que eu ia fazer. Você acha que este é um filme gay?

FIRSTMAN: Sebastian odeia que as pessoas estão chamando de filme gay, não é. Quando as pessoas me perguntam sobre o que é o filme, eu digo que é sobre esse período de tempo especifico, e esse período de tempo tem muitas contradições, muita confusão e dor. E Sebastian é um homem gay, então ele está escrevendo sobre sua experiência na sua própria vida, e um lado disso é gay, mas o outro lado é o suicídio, e essa doméstica que ele tem – interpretada por Catalina Saavedra, que, aliás, merece um Oscar –
PATTINSON: Ela realmente merece.
FIRSTMAN: —esta vida artística que parece tão autoindulgente. Então, eu diria que o filme trata de seis a oito coisas, e gay é uma delas. Mas os gays estão realmente se relacionando com isso também porque tem tido muita representação de artistas suicidas e deprimidos no cinema, mas não tem tido muita representação gay dessa forma que pareça muito fiel à cultura de agora. É por isso que está atingindo de forma diferente. Então não, eu não chamaria isso de filme gay, mas chamaria de filme que captura a experiência gay moderna, além de muitas outras coisas.

PATTINSON: Você acha que é um filme perigoso? Eu realmente não sei como colocar isso. É controverso em alguns aspectos, mas, ao mesmo tempo, quando o vi, meu primeiro pensamento foi: “Isso parece mainstream para mim”. Quão controverso você acha que é?
FIRSTMAN: Citando Harry Styles, “o filme parece um filme.” É disso que eu gosto e acho que é por isso que as pessoas estão achando isso um pouco mais convencional. Mas isso realmente depende para quem você mostra, porque somos pessoas que estamos na cultura e você tem o controle de cada subcultura ainda menor, o que é algo que as pessoas podem não saber sobre você. Ao conhecê-lo um pouco, suas referências são de uma pessoa de 25 anos, muito bem informada.

PATTINSON: Quando estávamos fazendo as exibições dos formadores de opinião, convidamos especificamente pessoas de todos os lugares, e todos pareciam ter a mesma reação. Ninguém parecia sair da exibição dizendo: “Estou muito chateado com isso”. Você pensaria que seria mais chocante para alguém que está entrando no cinema, sem esperar ver nada do que está prestes a ver. Não entendo muito bem como você conseguiu equilibrar esse tom tão bem.
FIRSTMAN: As pessoas ficam chocadas com o quão nada disso é chocante. Eles estão confusos com eles mesmos. Eles ficam tipo, “Espera, acabei de ver todos esses paus e vi um ator chupando um pau tatuado e não senti nada”. Acho que normaliza o sexo, mas também normaliza as micro-observações sobre assuntos muito perigosos. Mesmo a personagem de Catalina não sendo uma pessoa brilhante, isso é a coisa mais controversa do filme para mim. Acho que qualquer outro filme seria como “Essa pobre empregada mexicana. Ela é apenas uma vítima. Ela não fez nada de errado. Somente a sociedade tem sido ruim para ela.” E é verdade. Todas as probabilidades estão contra ela, e ela realmente não tem chance neste mundo, mas também constantemente comete erro após erro e não consegue descobrir nada.

PATTINSON: Você não sente que está sendo manipulado pelos cineastas, e isso parece extremamente honesto. Ok, espera. Onde estão minhas anotações? Minhas perguntas são tão chatas porque eu já sei as respostas. Eu estava dizendo: “Como você mantém sua energia em um nível tão alto?” mas é tipo, eu sei o que você vai dizer. [Risos] Eu ia dizer: “De onde você tirou sua confiança corporal?” Mas então acho que isso é um pouco ofensivo.
FIRSTMAN: [Risos] Não, estou interessado em saber como isso soa para você. No último dia do meu primeiro trabalho como redator de TV, um dos redatores principais disse: “Jordan, devo lhe dizer, nunca conheci alguém tão confiante e tão inseguro ao mesmo tempo, e ensinei na UCB por oito anos.” Isso me matou. Minha mãe estava visitando no dia seguinte, eu contei a ela e comecei a chorar. Acho que sou bastante aberto sobre minhas inseguranças, mas para o público, talvez isso seja visto como confiança ou arrogância. Mas a questão do corpo definitivamente vem tanto de insegurança quanto de confiança, porque sinto que preciso provar que estou confiante em meu corpo, então mostro isso.

PATTINSON: Novamente, é o tom do filme todo. Não parece que você está tentando fazer o público pensar uma determinada coisa, simplesmente é assim que as coisas são. Isso é interessante. Qual é a diferença para você entre ser aberto sexualmente e ser viciado em sexo? Onde está a linha para você?
FIRSTMAN: Oh meu Deus, uau. Acho que a linha é como você se sente. Você sabe o segundo em que se sente bem com alguma coisa e o segundo em que se sente mal com alguma coisa. Eu sigo essa linha com muitos outros homens gays. Às vezes estou em uma festa e estou cercado por pessoas transando, e penso: “Isso é uma utopia. Isso é ser homem. Isto é o que os gregos estavam fazendo. Isso é fabuloso.” E então, às vezes, você vai embora de uma experiência sexual e se sente tão profundamente depravado e tão nojento consigo mesmo. Acho que essa é a experiência gay, navegar no sexo. Estamos indo contra essas estruturas heteronormativas, mas como não existe nenhum sistema que nos tenha ensinado como viver de outra maneira, temos que encontrar isso por conta própria, e isso vem com muitas tentativas e erros. E na experiência gay, muitos erros. Eu diria 80% de erro e 20% de tentativa. Eu olho ao redor da comunidade gay agora, e acho que isso está representado no filme, mas vejo muita escuridão, muita dissociação, muito uso de sexo e drogas como meio de lidar com a situação.

PATTINSON: Você acha que isso mudou recentemente?
FIRSTMAN: Notei uma diferença desde a pandemia. Às vezes eu brinco que você tira o sexo dos gays por um mês durante a quarentena, e eles vão compensar nos próximos seis anos. Mas acho que os gays lidam com isso de maneiras diferentes das outras pessoas. Além disso, as drogas se tornaram muito mais modernas do que antes. Nos meus primeiros anos festejando em Los Angeles, havia cocaína por aí, você usava um pouco de molly, mas era como se você fosse festejar e depois fizesse uma pequena pausa para as drogas. E agora eu olho em volta e é como se você usasse drogas e fizesse uma pequena pausa para a festa. Não estou entusiasmado com isso e não gosto de partes de mim onde me vejo ficando preso nesses ciclos, mas espero que seja uma fase. Isso também está começando a ser falado dentro da comunidade, então esperamos que possamos nos unir e resolver essa situação.

PATTINSON: A maneira como você fala sobre sua vida sempre parece tão selvagem, e então você é incrivelmente profissional. Você realmente parece muito, muito sensato o tempo todo. Não posso confundir as duas impressões. É muito estranho. Mesmo quando fomos à exibição em Londres, eu pensei: “Todo mundo está tão calmo, sentado em silêncio total”. Eu esperava que fosse absolutamente louco. [Risos]
FIRSTMAN: Sim, durante a exibição, estou tomando doses de G para me preparar para fazer minhas perguntas e respostas, mas consigo realmente permanecer bastante lúcido. É meu presente ou minha maldição.

ROBERT PATTINSON: E sempre parecendo saudável. É bizarro. [Risos]
FIRSTMAN: Vamos rezar para que continue assim. Quero falar sobre algo que você disse. Foi no seu aniversário e você disse: “Jordan, você é tão talentoso, mas não tenho ideia de como será sua carreira. Não tenho ideia se há um lugar para você na sociedade.”

PATTINSON: [Risos] Eu não disse isso!
FIRSTMAN: Sim, você disse.

PATTINSON: [Risos] Isso é horrível! Essa seria uma das minhas perguntas!
FIRSTMAN: “Onde diabos é o seu lugar na sociedade?”

PATTINSON: Quero dizer, é assim que eu vejo tudo. Estou constantemente pensando que vamos passar a maior parte da nossa vida desempregado e desesperado e se sentindo um fracasso total. Acho que é isso que a vida é. [Risos]
FIRSTMAN: Se Robert Pattinson está dizendo isso, não há esperança para ninguém nunca estar satisfeito.

PATTINSON: Eu acho que é apenas parte disso.
FIRSTMAN: Mas acho que a maioria das pessoas está silenciosamente conformadas com suas vidas. Existe um tipo específico de doença que as pessoas do show business têm, essa síndrome do nunca ser suficiente. Mas não acho que sejam todos no mundo. Há algumas pessoas que estão contentes.

PATTINSON: Eu não sei, eu sinto que você está especificamente no máximo na maior parte do tempo em que está fazendo um trabalho e está empregado por três meses. Essa é a coisa mais estressante do mundo.
FIRSTMAN: Você tinha outra pergunta muito boa. Eu pude ver em seus olhos.

PATTINSON: Oh Deus. É irritante porque continuo tentando fazer perguntas sobre redes sociais, mas literalmente nem sei o que perguntar porque não tenho nenhum compromisso com isso, então não consigo imaginar o processo de você fazer essas coisas. Eu acho que isso choca de você como um ovo. Você acha que está abordando fazer um filme de maneira diferente de como faz um esboço nas redes sociais? Não consigo imaginar que seja tão diferente.
FIRSTMAN: Acho que é um pouco a mesma coisa, mas tenho uma coisa em que, quando supero alguma coisa, a energia não me deixa mais fazer isso. Não consigo gravar um vídeo porque simplesmente não me importo. Então, se minha convicção não estiver lá, isso fica evidente. Eu olho para o filme e penso, eu quero me sair bem e estou tão interessado nisso, então vou com força total. Foi assim que me senti com os vídeos naquele primeiro ano. E eu olho para esses vídeos, mesmo aqueles que não considero mais engraçados, e penso: “Caramba, eu estava comprometido”. E não estou mais comprometido com eles. Às vezes ainda tenho ideias muito engraçadas para os vídeos, vou gravar e penso: “Simplesmente não estou lá. Eu não posso fazer isso.” Você já teve que fazer um projeto no qual não gostava nem um pouco?

PATTINSON: Na verdade não. Tenho um medo muito profundo de humilhação. E também, você meio que sabe que depende de você. Você pode dizer que é um roteiro de merda ou que o diretor é um idiota ou blá, blá, blá, mas no final das contas, ninguém vai se importar com os motivos. Você é aquele que todo mundo vai dizer que é ruim. E a grande maioria das pessoas dirá que você é ruim, mesmo quando deu o seu melhor.
FIRSTMAN: Sim. Mesmo quando você é incrível nisso.

PATTINSON: Sim. Você se importa mais ou menos em ser relevante fazendo um filme ou fazendo coisas no Instagram?
FIRSTMAN: Aprendi muito sobre ser relevante na internet. Fiz uma lista de prós e contras no final do ano, e uma das minhas saídas foi ser consistentemente relevante. Eu acho que você pode ter um momento de relevância a cada dois anos, e essa é a melhor maneira de fazer isso. As pessoas que são relevantes o tempo todo, não é o jeito de viver. Você vai se esgotar e morrer cedo. A pandemia foi minha primeira experiência de relevância e é uma droga muito viciante. Já tomei quase todas as drogas e nada bate como quanto a relevância. Mas quando vai embora, a abstinência é uma loucura. Acho que é aprender a aproveitar esses momentos intermediários e não enlouquecer. É mais fácil falar do que fazer, e ainda me sinto muito desconfortável. No último ano e meio, sinto que estive em baixa com a relevância e tem sido um desafio.

PATTINSON: É sempre difícil saber como não saturar tudo, ou quanto tempo esperar. E então, às vezes, se você esperar muito tempo e então tentar causar um grande impacto, se não funcionar, você estará em uma situação muito, muito perigosa depois.
FIRSTMAN: Adoro como você está preparado. São muitas perguntas e são muito boas. Você é melhor do que a maioria dos jornalistas com quem conversei.

PATTINSON: Na verdade, de repente tenho muito respeito pelos jornalistas. Eu literalmente não sei como fazer isso. Tenho mais alguma? Estou ficando sem. Merda.
FIRSTMAN: Eu me sinto bem. Você se sente bem?

PATTINSON: Na verdade, eu escrevi muitas anotações, e quando olho para elas penso, “O que você está tentando dizer?” Estou olhando para um deles agora, não é nem uma pergunta. É apenas um longo e complicado fluxo de consciência, que nem eu entendo o que estou tentando dizer.
FIRSTMAN: Mas tenho certeza de que é inteligente.

PATTINSON: Em algum lugar bem no fundo dos recessos. Mas sim, estou tão feliz que as pessoas estejam se conectando ao filme.
FIRSTMAN: Estou tão feliz que você faz parte disso. É tão aleatório, mas também faz todo o sentido.

Fonte | Tradução: MaLu