Quando o mundo ouviu pela primeira vez que Robert Pattinson estava concorrendo para estrelar “The Batman”, foi em maio de 2019, e Pattinson ainda não havia feito a audição.
“Quando isso vazou, fiquei furioso pra caralho”, disse Pattinson à Variety em uma reportagem da capa de setembro de 2019 sobre o lançamento de seu filme “The Lighthouse”. “Todo mundo ficou muito chateado. Todo mundo na minha equipe estava em pânico. Eu meio que pensei que tinha explodido a coisa toda.”
Felizmente para Pattinson, o diretor do filme, Matt Reeves, não se deixou intimidar pela imprensa prematura, e escalou o agora com 35 anos como a versão mais recente do Cruzado Encapuzado. Mas os perrengues continuaram chegando: o COVID atingiu cerca de um quarto das filmagens e a produção foi interrompida por seis meses. Quando voltou em setembro de 2020, Pattinson testou positivo para COVID apenas um dia após as filmagens.
“Tudo o que fizemos foi filmar um dia, e não foi simplesmente alguém que pegou COVID – o Batman pegou COVID”, disse Reeves recentemente à Variety.
Felizmente, o ator se recuperou rapidamente e encontrou uma conexão surpreendente com seu diretor ao encarnar um dos super-heróis mais conhecidos e bem-sucedidos da história do cinema. Em fevereiro, Pattinson explicou à Variety por que ele estava tão interessado em trabalhar com Reeves – dica: toda aquela filmagem de captura de movimento de Reeves. Os filmes “Planeta dos Macacos” desempenharam um grande papel – e como foi se acostumar com o estilo incomum de filmagem de Reeves.
O que você achava de Matt Reeves como cineasta antes de seu envolvimento com “The Batman”? O que fez você decidir que queria trabalhar com ele?
Eu amo tanto esses filmes dos “Macacos”. Haviam apenas dois filmes – bem, três agora – onde eu queria fazer uma sequência: os filmes “Macacos”, “Sicário” e “Duna”. Eu vi os dois filmes dos “Macacos” no cinema e achei que o que ele conseguia fazer com a captura de movimento era tão inacreditável. Se ele conseguiu fazer isso com a cara de um macaco, então ele pode fazer uma performance comigo também.
Me fale sobre o dia em que vocês se conheceram para discutir o papel de Batman.
Eu conheci Dylan Clark, o produtor, provavelmente oito meses antes. Percebi que ele tinha um envolvimento com “The Batman”. Era uma reunião geral com ele, e no final da reunião, eu apenas mencionei casualmente: “O que está acontecendo com ‘The Batman?’” Ele disse: “Oh, não há roteiro pronto, nem nada.”. Continuei checando e então, do nada, ele disse: “Você quer conhecer Matt para este projeto?” Não tinha visto um roteiro, nem nada. Ele foi tão adorável e me mostrou um pouco da arte. Havia uma arte conceitual incrível já feita para o filme, como ele estava imaginando Gotham. Ele tinha um take realmente muito interessante. Foi Kurt Cobain, referência ao Nirvana, que assim que ele mencionou isso, eu fiquei tipo, “Oh! Ok.” Esse é definitivamente um ângulo diferente sobre Bruce do que já vimos antes. Ele é uma pessoa incrivelmente gentil, sensível e articulada e parecia o tipo de pessoa com quem eu quero trabalhar.
Ele falou sobre a possibilidade de um arco maior para o personagem além deste filme, deveria haver mais?
Acho que não. Nós meio que tivemos conversas sobre isso desde então. Mas, quero dizer, ele passou cinco anos desde a concepção até a conclusão do filme. Ele é muito, muito, muito focado em um só caminho – bem, focado em um projeto, eu acho. E então acho que até ele (o filme) sair, duvido que ele tenha pensado nos próximos passos ainda. Ou talvez ele tenha e não tenha me contado.
Então, qual era seu estilo de dirigir antes e depois do desligamento do COVID?
Hmm. Para ser honesto, é bem parecido. Quando voltamos após a pausa, tentamos manter todos separados o máximo possível. Eu tinha um fone de ouvido no qual me comunicava com Matt, entre as tomadas. Demorou um segundo para me acostumar, mas na verdade é bem legal. Eu posso continuar incomodando ele o tempo todo ao invés de tentar encontrá-lo em algum lugar do estúdio.
Mas ele é muito metódico. Faz muitas tomadas. No começo, quando alguém [pede] muitos takes, você acha que está fazendo algo errado. Mas uma vez que você percebe o ritmo dele, [você entende] que ele está editando o filme inteiro em cada tomada. Mesmo a menor minúcia na cena, ele está incrivelmente ciente disso. Ele realmente não faz uma enorme quantidade de cobertura. Ângulos muito específicos, mas muitos takes. É engraçado – leva um tempo para entrar no ritmo dele, mas quando você o encontra, é muito, muito, muito particular. Demorei um pouco para perceber que estava acontecendo. O filme realmente reflete o tom exato que ele escreveu. Ele tinha visto o filme em sua cabeça antes mesmo de começarmos a filmar. Foi muito impressionante.
Você mencionou que o tinha em seus ouvidos enquanto fazia o filme – como foi isso?
Ocasionalmente, eles deixavam o microfone ligado. Foi um pouco desconcertante, mas você podia ouvir suas pequenas reações. Se fosse uma cena tensa, de repente você ouviria sua respiração acelerar. Às vezes, era muito, muito perturbador, mas às vezes eu realmente gostei de ouvir sua reação em tempo real. Eu nunca estive tão perto da percepção de um diretor sobre o que eu estava fazendo antes. É uma experiência estranhamente íntima.
O quão pessoal ele foi com você sobre sua conexão com este material?
Eu sabia o quanto ele se importava com os personagens. Acho que ele tem uma compreensão muito boa do medo. Eu acho que muitas pessoas tentam se enganar dizendo que não têm medo de nada. Mas Matt realmente reconhece as coisas que o assustaram em sua vida e coisas que o assustam atualmente, e realmente pode projetar isso em seus filmes.
Como Matt reagiu no dia em que você descobriu que testou positivo para COVID? Como foi essa conversa?
Foi bem no auge de as pessoas realmente não saberem o que exatamente estava acontecendo. Estabelecemos um protocolo para fazer o projeto funcionar, e aconteceu que eu acho que fui a primeira pessoa que teve que usar o protocolo. Quero dizer, eu estava meio envergonhado com a coisa toda, para ser honesto. Foi tão cedo depois que voltamos a filmar e todo mundo era tão doce. Andy Serkis, com quem eu estava trabalhando na época, foi absolutamente adorável com isso. Eu estava apavorado com o que ia acontecer com a produção. Mas tudo na verdade foi uma boa prova de conceito de como proceder, e depois desse ponto, nada realmente aconteceu de qualquer maneira. Foi sorte.
Esta entrevista foi editada e condensada. Ramin Setodeh contribuiu para esta história.