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Dia: 26 de janeiro de 2022

Confira a matéria completa da Premiere France sobre BATMAN, a revista começou a ser comercializada nas bancas francesas em 26/01/2022

Em seu livro The Big Picture, que traça as metamorfoses da Hollywood contemporânea, o jornalista Ben Fritz retornou ao ponto de virada dos anos 90 – 2000 e lembra que foi nessa época que a filosofia dos executivos mudou. “Para os estúdios, nos filmes da Marvel ou da DC, as estrelas se tornaram os personagens; os atores tornaram-se acessórios.” Isso é particularmente verdadeiro para Batman, que continua sendo o melhor apresentador da história dos quadrinhos. Um cara que se esconde atrás de uma ‘vitrine’ (o logotipo no céu, a ênfase gótica, a armadura curva) para entregar um show gigantesco de som e luz. Como qualquer super-herói, sua mitologia e sua aura sempre foram mais forte do que a dos atores que vestem a armadura. E, ao contrário do Superman (que não podia ser interpretado por um aspirante), os atores que vestiram o figurino do morcego estavam sempre em um ponto de virada em suas carreiras.

Michael Keaton tornou-se Batman após passar por comédias dos anos 80 e, com sua mistura de dureza e segurança viril, conseguiu fazer com que todos (indústria e fãs) ficassem satisfeitos antes de retornar por longos anos nas sombras… Para Val Kilmer, que aspirava mais que o eterno papel coadjuvante do cinema americano, foi um presente envenenado que o privou de qualquer possibilidade de continuar sua versão e marcou sua saída definitiva dessa estrada… Pouco depois, George Clooney, mega estrela da telinha, foi lançado à estratosfera desse papel — ele sempre será envergonhado por Batman & Robin. Christian Bale, por sua vez, mal havia saído de American Psycho quando interpretou um cavaleiro das trevas com uma voz desafiadora, rasgada e limítrofe, lançando em três filmes a métrica padrão de atores psicóticos. Finalmente, com Batman v Superman, Ben Affleck operou um de seus enésimos retornos com segredos que só ele sabe …

Então, entra Robert Pattinson. E ele já ganhou em todos os quesitos. Já foi um ídolo adolescente graças a Crepúsculo, ele desapareceu alguns anos antes de retornar como inspiração para diretores. Até aqui, ele conseguiu tudo, de sucesso em streams até como celebridade referência. Seu status, sua história, fazem dele talvez o ator mais bem escalado para vestir a armadura do Batman enquanto consegue lançar um pouco mais de luz sobre Bruce Wayne…

Nós já o observamos sozinho em uma mansão grande demais para ele, capturamos sua silhueta oprimida que se destaca na escuridão de uma Gotham desolada, filmamos repetidamente a morte de seus pais em um beco sórdido: no cinema, Bruce Wayne não é bem um arquétipo que redesenhamos, mas sim um clichê que refazemos. Desde a era Burton, a solidão e as neuroses do personagem conduzem de improviso às mesmas vinhetas gótico-melancólicas, sublinhando as mesmas crises de inspiração para os seus autores.
As pequenas fantasias pessoais (a voz bestial do Batman de Nolan, a sensualidade agressiva das versões de Schumacher) vão no máximo fazer as pessoas rirem e de fato encorajar os seguidores a pegar leve na desconstrução do Cavaleiro das Trevas. Aderimos, portanto, ao pensamento padrão até um filme de animação absolutamente esplêndido, Batman A Máscara do Fantasma — imaginado pelos autores da série de TV dos anos 90. Pela primeira vez, estavam desenvolvendo uma teoria pertinente sobre os tormentos de Bruce Wayne e seu alter-ego: eles eram primeiro românticos em potencial, amante rejeitados. E se os traumas, os vilões e o asfalto de Gotham foram os responsáveis ​​por esmagar seus pequenos corações sensíveis, o (impossível) retorno à inocência era para eles o único horizonte possível e a origem de todos os seus tormentos. Essa busca emocional foi um divisor de águas e de repente renovou todas as imagens assustadoras impostas por Tim Burton. A proposta, no entanto, permaneceu morta. Até o Batman?

MATT REEVES

“Como playboy Bruce Wayne já foi explorado, outro ângulo precisava ser encontrado. Passei a imaginá-lo como um aristocrata, alguém que era quase da realeza, alguém que passou uma tragédia. Eu estava ouvindo Nirvana no início enquanto escrevia, e pouco a pouco tive a ideia de uma estrela do rock em decadência, que vê o mundo entrar em colapso ao seu redor. Significa que ele não será musculoso, mas magro e forte ao mesmo tempo. Mais tático, mais ágil. Ele treinou sozinho, ele sabe exatamente onde dói quando bate em alguém. Queria lutas realistas, que você realmente sente o golpe, porque é a expressão de seu tormento interno. Qualquer coisa em seu caminho deve ser demolida. Uma cena do trailer resume bem, aquela em que vemos Batman dando um choque no cara com seu taser. Eu queria uma brutalidade e liberdade, como Henry Hill colocando a arma na cabeça de alguém. No filme, Henry representa pessoas realmente assustadoras, mas quando ele faz isso, você sabe ser agora parte da gang. Robert compreendeu imediatamente a ideia.

Eu sabia que Robert poderia trazer a profundidade necessária ao personagem, revelar um problema interno na tela. Nós confiamos no personagem mais do que no universo finalmente, e para isso você precisa de um ator de alto calibre. Robert fez o que nenhum batman teve que fazer antes: demonstrar emoções vestindo a armadura e a máscara. E isso é um trabalho louco”

ROBERT PATTINSON

“O mais complicado foram os longos diálogos na pele do Batman. No papel, parece fácil. Mas quando você realmente está atuando… Você tem que se deixar levar pelo traje, porque tem um poder extremamente forte… e, ao mesmo tempo, você não pode confiar nele o tempo todo. (Risos.), mas ei, há cenas em que é inútil resistir. Você se agarra à máscara, que diz muito mais do que sua linguagem corporal ou qualquer uma de suas ideias. E então, com o tempo, você descobre que existe uma maneira de se soltar, de “irradiar” através do traje. Batman é como uma tempestade dentro da sua cabeça Pode parecer um pouco ridículo, mas algo acontece se você deixar a mente dele — o que você imagina ser a mente dele — interferir na sua. Você percebe diferenças bastante sutis na maneira como se move e no seu olhar. É inconsciente, mas passa. Eu me senti muito vivo no figurino, havia muita energia nela. Quanto mais o tempo passava, mais eu sentia isso. Depois de um tempo eu até parei de sair do set depois das minhas cenas, só ficava em um canto. Eu estava morando em Gotham!

Esse personagem despertou algo em mim. No entanto, eu nunca pensei nisso, eu nunca fiz o teste para um filme de super-herói. Eu estava fazendo cinema completamente diferente e estava muito feliz em filmar em filmes esquisitos!

Existe essa regra com o Batman: ele não deve matar. Pode ser interpretado de duas maneiras. Ou ele quer apenas infligir a punição apropriada, ou ele quer matar e seu autocontrole o impede de fazer isso! Eu imaginei isso desde o ensaio da primeira luta, achei engraçado: algo nele só queria cortar a garganta do cara! Disse a mim mesmo que, se ele passa as noites perseguindo criminosos, é impossível que não tenha prazer nisso. Ele está com dor e é um desejo que o domina. E à força de bater, sua mente clareia, ele se acalma, chega a um estado próximo da plenitude. Tenho certeza que nesta primeira luta, ele consegue se convencer de que todo cara na frente dele é quem matou sua mãe (risos). E isso permite que ele desabafe toda a sua raiva. O interessante é que esse Batman praticamente vive na sarjeta. Ele nunca está em casa, exceto na rua quando usa o terno. Ele vive uma vida criminosa, mas sem cometer crimes! Eu senti que poderia tirar algo disso. De qualquer forma, eu só poderia interpretar um super-herói se ele fosse muito sujo! (Risos.)”

Tradução: Amanda Gramazio