Simon: Por que você acha isso?
Robert: Eu não sei. Foi um golpe de sorte. Porque nada me aconteceu. Nada passou dos limites.
Simon: O que de errado aconteceu com os outros?
Robert: A minha experiência favorita aconteceu na selva, uma selva totalmente virgem. Ninguém vai para para selva sem razão. As criaturas da selva não iam para o local onde estávamos. Na selva havia cobras, um dos membros da equipe foi mordido no rosto por uma cobra que vivia nas árvores e um homem sugou-lhe o veneno, foi o homem dos adereços para EastEnders [EastEnders é uma série de TV britânica] e foi o seu primeiro filme.
Simon: Isso não acontece frequentemente no set.
Robert: Sim, foi o seu primeiro filme. Ele ficou estranho quando lhe sugaram o veneno. É o que acontece quando se dá 100%. Ele não vai fazer televisão novamente.
Simon: Você disse que nada iria acontecer com você, é o mesmo que Percy Fawcett pensava. Ele estava confiante de que iria encontrar esta cidade, não importando como, “Vou encontrar esta cidade, não importa como”. Talvez você seja um pouco louco, também.
Robert: Sim totalmente. É reproduzido para fora do filme. Lá no fundo Percy Fawcett tinha uma espécie de complexo de Messias. Ele achava que assim que encontrasse a cidade, seria o Deus da cidade na selva. Acho que é o que ele estava pensando, e para ele estava tudo bem, porque ele era completamente louco.
Simon: É desafiador fazer algo do qual está tão distante? Eu sei que quando leu o roteiro sabia onde a história iria, mas fazer um filme em 2017 sobre aquela era de expansão, colonialismo e descobertas… Ele era um homem entusiasmado, um escravo do complexo de Messias. Mas ir para a selva em 2017 é realmente desafiador…
Robert: A conotação do que é realmente o colonialismo. Naquela altura era diferente.
Simon: Fawcett foi impulsionado pela curiosidade intelectual?
Robert: A curiosidade intelectual e o desejo de ser o primeiro. Esse é o lado romântico do colonialismo. Era difícil, naquela altura havia muitas dificuldades mas era algo glorioso. Era algo difícil.
Simon: Você já viu o filme?
Robert: 2 vezes.
Simon: No passado você disse que você não assistia seus filmes. Você viu o último filme de Crepúsculo?
Robert: Eu não sei. Acho que fui a todas as premieres daquele filme. Eu estou sempre em tudo o que faço, com certeza. Mas este eu vi.
Simon:O que você acha?
Robert: Eu acho que é maravilhoso. Ele está fora de controle. Filmamos na época das chuvas na Colômbia, foi louco. Charlie perdeu quase 20 kg durante as filmagens, e eu 15. Havia uma sensação de que tudo estava caindo aos pedaços. Como resultado, o filme acabou por ser magnífico, clássico e elegante. Estou muito orgulhoso dele.
Simon: Porque o que o que não se sente, está fora de controle.
Não, não de todo, especialmente James. James é provavelmente o habitante mais nervoso de Nova York. É estranho porque, para um filme que se passa 50% do tempo no rio, ele estava sempre com medo de entrar. Era engraçado ver.
Simon: Você escolheu esse filme por causa de James, como Cosmópolis de David Cronenberg? Para você é importante o nome do diretor que está ligado ao projeto?
Robert: Sim, porque você pode ter um bom roteiro que pode facilmente tornar-se um filme ruim ou ter um bom diretor com um roteiro decente e, talvez, fazer um bom filme.
Simon: Você ainda é tão meticuloso na escolha de seus projetos? Eu acho fascinante que entre em filmes que nós nunca pensaríamos. E você não é a estrela. Este não é um filme sobre você, você apenas está lá e está muito feliz com isso.
Simon: E que papel tens nesse filme?
Robert: O ladrão.
Simon: Oh, você é o ladrão!
Robert: Sim. Depois eu fiz uma comédia e, em seguida, espero fazer um filme 100% improvisado. Quero dizer, estou tentando fazer coisas que não me deixem entediado e espero não deixar os outros entediados, também.
Simon: É sempre um prazer falar contigo, Robert. Obrigado pelo seu tempo.
Robert: Obrigado!